O frio esquenta!


Acordo todas as manhãs e te desejo bom dia. Tenho medo de pensar em te perder, porque minha vida perderia a graça sem as suas piadas, seu bom humor e a sua falta de romantismo patológica.
Eu adoro o seu cheiro, seu senso de humor mordaz e suas considerações sobre o mundo. Adoro sua lucidez absurda quando vem me dar lição de moral e diz que viajo demais. Adoro o jeito como você me ama, sua risada fácil, seu abraço espaçoso, a sua simplicidade.
E mesmo não nos vendo nunca, mesmo quando brigamos, eu escolho, por livre e espontânea vontade, querer você.
Mesmo quando eu te mando embora, na verdade, quero que você fique. Seu abraço me acalma.
Depois de ter você, todo o resto é nada, porque você é intenso e preenche a minha alma. Você não é perfeito, e é por isso mesmo que eu te adoro tanto.

XXX

Eu erro no ínicio e no fim. Nunca consegui admitir isso. Pouco tempo, e você já me arrancou essa confissão. Talvez esse seja o momento para confissões. Adoro seu nome. Imaginar chamá-lo pela manhã me dá esperança e força. Eu troco o fim pelo ínicio. Eu tento confundir os dois.
Eu sei o seu cheiro, eu decorei seu tato. Respiro, e não há mais razão, já temo não passar, perder nessa matéria, tropeçar no dia da prova. Me repetir desse instante. 
Deixar de lado as imperfeições poéticas que imaginei, para recolher as reais imperfeições, parece ser um caminho longo. Escrevo, agora, querendo terminar logo. Mas esse é meu desejo tardio, minha certeza precoce, de que ainda te escreverei muito.
Eu queria arrumar as coisas na minha cabeça, mas percebi que não tinha nada a te dizer. Tinha o mundo inteiro para nos contar, queria que a escrita organizasse algo. Não há o que ser organizado.
Eu sinto a confusão. Eu queria apenas poder gostar de você. Para ser mais leve, para ser compatível com o tempo presente. Mas, não.
Eu sempre escrevo para inventar quem eu sou. Hoje comecei a escrever para te esquecer. 
O ínicio e o fim são ilusões. Somos sempre dentro.